DE&I no Brasil e seu impacto na inclusão de PcDs
A busca por inclusão no ambiente de trabalho estava em ascensão no Brasil e no mundo. Isso porque várias empresas estavam adotando políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) criando oportunidades para grupos historicamente subrepresentados, incluindo PcDs (pessoas com deficiência).
No entanto, movimentos recentes de empresas norte-americanas que estão recuando nessas questões, podem aumentar os desafios que precisam ser superados para garantir a verdadeira equidade no mercado de trabalho. Por isso, neste artigo, vamos explicar o conceito de DE&I, seus impactos na inclusão de pessoas com deficiência, os desafios enfrentados e as estratégias para uma implementação eficaz.
Continue a leitura e confira!
O que é DE&I?
No Brasil, esse conceito estava sendo cada vez mais adotado por grandes empresas que reconheciam os benefícios de um tempo plural. Porém, nas últimas semanas, infelizmente, estamos vendo um movimento inverso devido a algumas empresas norte-americanas.
Vale destacar que de acordo com o Manifesto DE&I, diversas empresas já assumiram compromissos concretos para promover e manter um mercado mais acessível e inclusivo.
São quase 500 grandes empresas que participam desse movimento e se comprometem com a criação de uma cultura de inclusão, mesmo diante das mudanças no cenário mundial.
Qual é o objetivo do DE&I no Brasil?
O principal objetivo do DE&I no Brasil é transformar a cultura organizacional para que a diversidade e inclusão no trabalho seja uma realidade. Empresas que implementam essas práticas conseguem obter muitos benefícios.
Dentre eles podemos destacar a garantia da acessibilidade para profissionais com deficiência, a redução dos vieses inconscientes em processos seletivos e a criação de políticas que favorecem a permanência e o crescimento de todos os funcionários.
Qual o impacto do DE&I na inclusão de pessoas com deficiência?
A implementação de DE&I tem um impacto direto na inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Empresas comprometidas com a causa são mais abertas à diversidade e aplicam ações que favorecem uma cultura de inclusão.
Isso porque elas têm mais facilidade para adotar programas de treinamento e sensibilização para a eliminação de preconceitos, bem como investem em tecnologia assistiva e adaptações estruturais para garantir acessibilidade.
Sem contar que também criam processos seletivos mais justos para todos os candidatos. Dessa forma, é possível manter um ambiente de trabalho mais inclusivo e melhorar o engajamento e a produtividade dos profissionais, reduzindo a rotatividade.
Quais são os benefícios das empresas ao investir em DE&I?
Empresas que investem em diversidade e inclusão no local de trabalho obtém muitos benefícios, como:
- Maior inovação: times diversos trazem diferentes perspectivas e soluções criativas.
- Melhoria na confiança: empresas inclusivas são mais valorizadas pelo mercado.
- Atração de talentos: profissionais especializados trabalham em ambientes inclusivos e equitativos.
- Conformidade com a legislação: no Brasil, a Lei de Cotas exige a contratação de pessoas com deficiência.
Quais são os desafios da DE&I no Brasil e no mundo?
Nos últimos meses, algumas empresas nos Estados Unidos começaram a recuar em suas políticas de diversidade, equidade e inclusão. Questões políticas, econômicas e até jurídicas estão fazendo com que algumas organizações revisem seus compromissos com essa pauta. Mas o que isso tem a ver com o Brasil?
Embora o contexto norte-americano seja diferente, essa ação serve de alerta: a inclusão precisa ser encarada como um pilar estratégico, e não apenas como um discurso bonito para o mercado. Caso contrário, quando surgirem desafios — sejam crises econômicas, pressões externas ou mudanças de gestão —, os avanços podem ser rapidamente revertidos.
Veja abaixo alguns dos fatores que estão fazendo as empresas recuar nas questões de DE&I nos EUA:
- Polarização política e riscos jurídicos: Nos EUA, a diversidade se tornou um tema polêmico, e algumas empresas temem repercussões legais por manter programas de inclusão.
- Cortes orçamentários em tempos de crise: Em momentos de incerteza econômica, iniciativas de DE&I são vistas como secundárias por algumas companhias, o que leva a reduções de investimento.
- Falta de compromisso genuíno: Empresas que tratam a diversidade como uma tendência simples agora buscam se adaptar à nova realidade, muitas vezes abandonando iniciativas que nunca foram realmente incorporadas à sua cultura.
- Imediatismo nos resultados: Algumas organizações esperavam mudanças rápidas, mas, ao não verem retornos imediatos, perdem o interesse e o engajamento.
- Pressão política e jurídica: A polarização em torno da diversidade e inclusão aumentou, especialmente após decisões negativas da Suprema Corte americana com relação às políticas e programas de DE&I.
- Onda anti-ESG e backlash corporativo: O crescimento do movimento anti-ESG (ambiental, social e governança) levou algumas empresas a reconsiderarem os investimentos feitos em DE&I, pois estavam preocupadas com os possíveis impactos financeiros e políticos.
Mas, afinal, como evitar que isso aconteça no Brasil?
Não podemos deixar que esse cenário americano influencie diretamente nas políticas e programas de DE&I brasileiros. Isso porque queremos que a inclusão no ambiente de trabalho seja uma realidade com empresas que adotem uma abordagem sólida e sustentável sobre essa pauta.
Para isso, é importante reforçar que DE&I deve ser tratada como um compromisso estratégico, garantindo que não dependa de oscilações econômicas ou políticas. Além disso, deve integrar diversidade à governança corporativa, com metas bem definidas e acompanhamento de resultados.
Também é essencial reforçar a cultura organizacional, para que a inclusão seja parte do dia a dia, e não apenas um projeto temporário. Sem esquecer de demonstrar o impacto com dados, provando que a diversidade gera inovação, produtividade e melhores resultados para o negócio.
Vale destacar que a história já mostrou que a inclusão é um caminho sem volta. Empresas que não se adequam a essa realidade perdem talentos, inovação e competitividade. Já aquelas que persistem constroem um futuro mais forte — para os negócios e para a sociedade.
Quais são as estratégias para implementar Diversidade, Equidade e Inclusão na empresa?
Para garantir que a diversidade e a inclusão no trabalho das empresas sejam efetivas, é necessário ir além de discursos e implementação de ações concretas. A seguir, destacamos algumas das estratégias mais eficazes.
Criação de programas de mentoria e desenvolvimento
Empresas inclusivas investem em capacitação e desenvolvimento de talentos diversos. Para garantir que todos os profissionais tenham oportunidades reais de crescimento, é essencial criar programas de mentoria.
E eles devem conectar as pessoas aos líderes da organização, oferecer treinamentos focados em desenvolvimento de habilidades técnicas e comportamentais, bem como proporcionar suporte individualizado para promover o crescimento profissional.
Revisão de processos seletivos para reduzir barreiras
Muitos candidatos com deficiência ainda enfrentam dificuldades na busca por emprego devido a processos seletivos excludentes. Para reverter essa situação, é fundamental colocar em prática algumas ações.
Dentre elas podemos citar a eliminação de requisitos necessários que possam excluir talentos, a utilização de ferramentas de recrutamento que minimizem vidas inconscientes e o uso de acessibilidade nas entrevistas, com intérpretes de Libras e adaptações para diferentes perfis de candidatos.
Promoção de campanhas de conscientização
Mesmo que uma empresa adote políticas de DE&I, vieses inconscientes ainda podem impactar a rotina de trabalho. Para mitigar esse problema, as campanhas internas são essenciais.
Isso porque elas ajudam a sensibilizar lideranças e funcionários sobre a importância da inclusão no ambiente de trabalho, a desconstruir estereótipos relacionados a pessoas com deficiência e outros grupos e a incentivar a valorização da diversidade como um fator estratégico para inovação e crescimento organizacional.
Garantia de acessibilidade física e digital
A acessibilidade deve ser um pilar central na inclusão de pessoas com deficiência no ambiente corporativo. Para isso, as empresas devem garantir que tem uma infraestrutura acessível, com rampas, banheiros adaptados e mobiliário adequado.
Assim como tenha tecnologia assistiva, como softwares de leitura de tela e legendas automáticas em vídeos institucionais. E, ainda, adaptação dos canais de comunicação interna, permitindo que todos os trabalhadores tenham acesso às informações.
Treinamento contínuo para equipes e lideranças
A capacitação das equipes é essencial para consolidar a diversidade e inclusão no local de trabalho. Treinamentos periódicos devem abordar temas como os vieses inconscientes e como reduzi-los no dia a dia corporativo, a importância da equidade na construção de um ambiente de trabalho justo e as melhores práticas para liderar times diversos e promover a inclusão.
Além disso, o treinamento deve ser contínuo, evitando que a inclusão seja tratada apenas como uma pauta pontual. Isso vai incentivar e fortalecer a cultura da diversidade dentro da empresa, promovendo assim ações positivas voluntárias dos próprios funcionários.
Criação de comitês de DE&I
Os comitês internos de Diversidade, Equidade e Inclusão são uma estratégia poderosa para garantir que as políticas de inclusão sejam aplicadas na prática nas empresas públicas e privadas.
Eles podem acompanhar o cumprimento das metas de DE&I dentro da organização, bem como sugerir melhorias para tornar os processos mais inclusivos. Além disso, pode servir como um canal de escuta para os funcionários.
Monitoramento e transparência dos indicadores de DE&I
Para medir o impacto das ações de diversidade e inclusão no local de trabalho, é essencial estabelecer métricas claras, como o percentual de pessoas com deficiência na empresa e sua evolução ao longo do tempo e a taxa de retenção de funcionários diversos, analisando desafios e oportunidades de melhoria.
Também é possível mensurar a satisfação dos trabalhadores em relação à cultura organizacional e seu nível de inclusão. Lembre-se de que a transparência na divulgação desses dados reforça o compromisso da empresa com a equidade e contribui para o aprimoramento contínuo das iniciativas.
Conclusão
O avanço do DE&I no Brasil é essencial para garantir que a inclusão no ambiente de trabalho seja uma realidade para todas as pessoas. Empresas que adotam essa abordagem não apenas cumprem exigências legais, mas também constroem ambientes mais inovadores e engajados.
Se a sua empresa deseja dar um passo à frente na construção de um ambiente mais diverso e inclusivo, conheça o nosso serviço de Consultoria em Diversidade e Inclusão e descubra como transformar a sua cultura organizacional.
Estamos à disposição.
Abraços.
Jessé Rodrigues
PCD+ | Inclusão com qualidade